sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

TERESA BENDINI



SOLIDÃO

Quisera pintar a solidão
Porque sou eu a luz que é dela
Na minha não tradução.

Que vasto mundo absorto,
De cores silenciosas,
Mergulho tão numinoso
Em luzes vertiginosas

Afetos só falam mudos,
Palavras são estrangeiras,
Olhares têm só vislumbres,
Dos mundos que nela beira.

Solidão, tu és Deus de tão sozinha!
Tu és alma minha!
Inteira!

POEMA SÓ

Não pense nada que não te faças extasiar.
Não pense política ou futebol.
Não pense notícias de jornal.
Não pense o mal.
Não pense mal.

Pense só!

O lá.....

O sol.

O MAR

Gente e mar...
Tem algo em comum
Um movimento
Uma linguagem
Uma linhagem
Azul?

Mar revolto
Mar grosso
Marola...

Mar que é calma
No fundo do mar
No fundo da alma.

No fundo dos olhos
Há mar

Amar o mar
No fundo dos olhos
Molha

O mar no fundo dos olhos
Olha
O mar no fundo dos olhos
Molha.

Mar morto
Mar negro
Olhos marejam
Vermelhos...

Vermelho mar.

Do fundo do olhar
Gotas de sal
Ondas do mar

Rolam...

O amor
O amar


MARTELINHO DE ESCULTOR

Meus filhos são poemas secretos
Meu olhar julgador
Não sabe lê-los.

Pensa que são: - Obra-Prima.

E neles fica batendo,
Com martelinho de escultor,
Conselhos e filosofias...
Achando que são: Obra minha...
Os filhos do meu Amor!

MANHÃ

Queria por manhã nos meus momentos,
Pois é sempre manhã no tempo em que pertenço.
Eu queria que manhã fosse...em todos os momentos.
Só assim, ela seria minha ...e à vontade.
Brinco com ela de ser eterna e ela se espreguiça.
De manhã eu aconteço!
Manhã... e eu já brilho.
Manhã... e eu já vivo.
Manhã... e eu sou radiante.
Manhã... e eu amanheço.
Queria minha vida de manhã.
Uma manhã de vida.
Passo uma manhã com minha vida
E já não quero que ela passe.
De manhã, eu a quero toda...
E a chamo: Manhã


ABELHA

Abelha que quando pica,
Morre

Quisera eu ao picar,
Morresse

Eu não sabia que ao ferir
Morreria

Já morri tanto e tantas Vezes...

Se soubesse, não Morreria

Quereria viver

Morrer, não ousaria

Quereria viver

Viver tanto e tantas Vezes

Que ferir, não saberia


Bishop (in memorian)

Ser infeliz não chega a ser mistério
Ser infeliz não trás em si nenhum mistério
Que mal há em achar o mundo agônico
Em sentir-se:
Escroto
Estorvo
Em querer-se morto,

Que mal há?

Posso dizer que ser infeliz
É tão comum.
Não vejo nisso mistério algum.
Mas em sorrir...

UM!


Da nova geração de escritores de Taubaté (SP), autora de livros infantis e ativa participante dos Movimentos Poetas do Vale e Confraria do Coreto.

2 comentários:

  1. Teresa, que lindo seus poemas...nem sei dizer o que mais gostei...hum...acho que "Abelha"...adoro a forma como escreve e sobre o que escreve...Um abraço. Patricia Fontes

    ResponderEliminar
  2. Olá Patrícia, obrigada por seu comentário. Um grande abraço.Teresa

    ResponderEliminar